APAC – ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO E ASSISTÊNCIA AO CONDENADO - PROJETO INTERDISCIPLINAR - UNIFENAS/BH
Ênio Rodrigues da Silva*; Julianne Maciel Lima**; Lidiane Mattos Gonçalves**; Marcus Vinícius**; Natalino Cezar Clausen**; Um representante de cada curso***.
No século XVII e XVIII as práticas punitivas se resumiam aos suplícios. Desde então, em nome de uma ordem social, o criminoso tem sido confinado em presídios sem o estatuto de Reabilitação Psicossocial. O sistema prisional da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) mostra-se diferenciado nesse cenário. Trata-se de um sistema em que os presos, então "recuperandos" são gestores de seus processos de punição. O sistema prima pelo respeito ao sujeito, o resgate do cidadão que cometeu um crime e pretende se reabilitar do mesmo através de uma organização do espaço como personagens ativos, tendo o trabalho como possibilidade de transformação psicossocial. Ampliar a relação entre os diversos cursos da UNIFENAS/BH (medicina, biomedicina, enfermagem, farmácia, nutrição, administração e direito), tendo como ponto de interseção a arte e a clínica. Também, trabalhar a valorização dos saberes investidos dos "recuperandos", ou seja, partir das demandas dos mesmos para compor as nossas intervenções. Evidencia-se, como processo de formação, a importância de um campo de interseção entre os saberes acadêmicos com os saberes investidos (SCHWARTZ, 2007, 2008, 2009). Dentro desse contexto, escolhemos sujeitos marcados pela marginalidade e exclusão social, constituindo um "negativo psicossocial" que faz parte de uma ralé brasileira (SOUZA 2009) sobre o qual pretendemos nos debruçar, a partir do conceito de "trabalho sujo" (LHUILIER, 2005, 2008, 2009), mas também valendo-nos dos conceitos de trabalho prescrito e real, ressignificados pelas Clínicas do Trabalho (BENDASSOLLI & SOBOLL, 2011). É assim que retomamos à APAC de Santa Luzia (Ottoboni, 2001) – um campo já escolhido há um ano, inclusive com um termo de compromisso de parceria já assinado pelas duas instituições por ocasião da II JAIMED/BH/2011. Primeiro, partimos do espaço-tempo entre teoria e prática, articulando os saberes envolvidos (CHARLOT, 2000; MOSCOVICI, 2005). Utilizaremos do Dispositivo Dinâmico a Três Polos – DD3P: o polo dos saberes científicos, o dos saberes investidos e o da troca ética entre os dois (SCHWARTZ, 2007). Empregaremos também a Metodologia de Pesquisa em Histórias de Vida (FERRAROTI APUD BARROS & SILVA, 2002). Dessa forma, propomos o desenvolvimento desse projeto dentro de quatro etapas: a) a capacitação continuada dos envolvidos; b) estudos sobre a literatura; c) o Teatro (ROUBINE, 1998; OKAMOTO, 2007), além da parceria com o grupo de teatro de portadores de sofrimento mental - Sapos e Afogados; e d) a realização de Vídeos e Documentários. A expectativa é que o projeto seja reavaliado pela UNIFENAS e viabilizado em termos práticos e financeiros, ou seja, gastos com a capacitação continuada de professores e alunos, o pagamento de oficineiros, a compra de uma máquina filmadora e o transporte semanal.
* Docente responsável pelo projeto
** Discentes responsáveis pelo curso de Medicina da UNIFENAS/BH.
*** Docentes representantes de cada curso da UNIFENAS/BH