DOUTORES SÓ RISOS - O olhar humanizador do palhaço na formação e na prática médica
Laís de Paula Fiuza Costa*; Lúcia Helena Garcia Bernardes**.

A prática médica moderna muitas vezes sacrifica o contato com o paciente em nome da eficiência. Essa perda de intimidade fere tanto o médico quanto o paciente. Entretanto, o grande poder terapêutico da relação médico-paciente acontece porque gastamos tempo conhecendo uns aos outros. Por isso tantos investimentos na humanização. A palhaçaria ou arte do clown vem sendo usada nas últimas décadas, como estratégia de humanização das relações de saúde. Ser Doutor Só Risos ou qualquer outra forma de clown vai além da exigência de um nariz vermelho. O ofício do palhaço fala do esforço do homem de se entregar à única condição possível de existência: a da relação humana. Por meio de sua máscara, esse personagem tem autorização da comunidade para operar sobre uma lógica de pensamento não linear ou racional. Seguindo essa lógica, um médico-palhaço, por exemplo, pode interagir com uma criança inconsciente em uma UTI, com um paciente poucos momentos antes de ele morrer (interrompendo a lógica do prognóstico que define, em geral, o investimento de energia das relações dentro do ambiente hospitalar), abordar temas delicados como sexualidade, violência e luto, tão comuns na atenção primária. Foram utilizadas como metodologia, as seguintes estratégias: oficinas, aulas práticas e expositivas, trabalhos práticos e debates. O objetivo geral foi introduzir noções e conceitos fundamentais da linguagem do palhaço e refletir em como este olhar artístico pode transformar a atuação dos profissionais da saúde. Conhecer a história do palhaço, o surgimento desta linguagem ao longo da história. Traçar as diferenças entre os distintos espaços de atuação do palhaço com foco no ambiente hospitalar e na área da saúde em geral. Experimentar vivências práticas de exercícios clownescos: a descoberta do estado cômico de cada aluno. Trabalhar práticas corporais, com jogos artísticos de aquecimento, conscientização e expressão corporal, além de técnicas de improvisação. Fundamentar e aprender a interferência da máscara do palhaço (o nariz vermelho) nas ações cotidianas do hospital e unidades de saúde, na relação medico paciente e ambiente de trabalho. Dirigir artisticamente jogos, cenas, danças e outros repertórios lúdicos para a atuação em intervenções cênicas de palhaços.Desenvolver uma reflexão crítica acerca da influência dessa vivência de intervenções como palhaços em hospitais para os futuros médicos. As capacitações continuadas são necessárias para que todo estudante tenha a oportunidade de se apropriar do universo do clown, desenvolvendo assim condições para uma relação médico – paciente mais humanizada. O projeto tem sido patrocinado pela Unifenas, contando também com a contribuição mensal dos participantes.

*Professora convidada orientadora artística do projeto – Medicina Unifenas - BH
**Professora orientadora acadêmica do projeto - Medicina UNIFENAS - Belo Horizonte.

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