MUTIRÃO DA CEFALEIA: UMA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E NA EDUCAÇÃO MÉDICA
Ariovaldo A Silva Júnior*; Karina V Brandão**.

A cefaleia é uma causa frequente de consulta médica em todos os níveis de atenção à saúde1. No Brasil, a cefaleia é responsável por quase 10% das consultas por problemas agudos na atenção primária2. A maioria das cefaleias poderiam ser diagnosticadas e conduzidas por médicos generalistas, mas parece que a carga horária sobre o tema nas faculdades de Medicina, é insuficiente para a capacitação adequada no manejo dos casos2. Objetivos: Avaliar o impacto de uma intervenção socioeducativa, mutirão da cefaleia, no desenvolvimento do raciocínio clínico em estudantes de medicina. Métodos: Foram disponibilizadas 36 vagas para a população de Belo Horizonte. Todos os pacientes foram atendidos por acadêmicos de medicina, sob a supervisão de dois neurologistas com expertise em cefaleia, que realizaram o diagnóstico conforme os critérios da ICDH-2004. Os dez alunos participantes eram do sétimo período, foram selecionados aleatoriamente e passaram previamente por processo de aprendizagem ativa, através do desenvolvimento de um script de raciocínio clínico com discussão de casos. O grupo controle foi de 21 acadêmicos do mesmo período. Todos os alunos foram submetidos a uma avaliação com questões objetivas variadas sobre cefaleia. Resultados: Foram atendidos 21 pacientes (19 F), a idade variou entre 16 e 63 anos, sendo que a migrânea (95%) e a cefaleia do tipo tensional (CTT) foram os diagnósticos mais prevalentes nesta amostra. A migrânea crônica, associada ou não ao abuso de medicação, foi observada em sete pacientes. Apenas um indivíduo apresentou cefaleia secundária e foi encaminhado para investigação. O grupo treinado pelo método de ensino baseado em problema teve 78% de acerto nos testes, enquanto a taxa do grupo controle foi de 66%. No entanto, apenas houve significância estatística na questão que abordava a cefaleia crônica diária (p=0,034). Conclusão: Em um país em que a atenção secundária apresenta um grande problema entre oferta de demanda, a realização de um Mutirão, além de capacitar médicos para o manejo das cefaleias na atenção primária, colabora ainda na diminuição da espera por atendimento especializado. O atendimento social supervisionado parece ser uma alternativa viável, tanto no processo ativo de educação médica no Brasil, como complemento à reduzida carga horária das escolas de medicina do país. A aprendizagem ativa, por sua vez, pareceu especialmente efetiva no aprendizado de casos mais complexos, como no manejo clínico da migrânea crônica. O projeto terá continuidade em maio de 2013.

*Cefaliatra, PhD
**Acadêmica de Medicina da Unifenas, Belo Horizonte, Bolsista da Fapemig


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