AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AOS PRAGUICIDAS ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS ATRAVÉS DA DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE DAS COLINESTERASES EM AGENTES DE COMBATE A DENGUE DE DUAS CIDADES DO SUL DE MINAS GERAIS - LIGA DE TOXICOLOGIA
Alessandra Cristina Pupin Silvério*; Marco Antônio Mello**; Alissa Borges**; Felipe Braga**; Maryane Toledo**; Fernando Gomes****; Priscila Santos**.

Os inseticidas organofosforados e os carbamatos são inseticidas anticolinesterásicos e são responsáveis por grande número de intoxicações. Um valioso indicador de exposição aos anticolinesterásicos é a determinação da atividade da enzima colinesterase. Este biomarcador apresenta significado clínico mostrado ser de dose interna (colinesterase plasmática) e de efeito (colinesterase eritrocitária). O objetivo foi avaliar a exposição aos praguicidas na população em estudo, por meio da determinação das colinesterases plasmática (Ch-P), eritrocitária (Ch-E) e total (Ch-T). Material e método: a amostra constou de 44 agentes de combate à dengue da cidade de Pouso Alegre, e 13 da cidade de Carmo do Rio Claro, ambas no sul de Minas Gerais. Estes indivíduos estavam em uso de anticolinesterásicos. Foram incluídos os trabalhadores de ambos os sexos e com idade entre 20 e 60 anos. Para determinação da atividade das colinesterases, foi utilizado o método de Ellman & cols. modificado em comparação com o método enzimático comercial. Foi também caracterizada a exposição dos trabalhadores frente aos anticolinesterásicos utilizando um questionário padronizado. A aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa tem o número 263/2010. Resultados e discussão: O método de Ellman & cols. modificado permite avaliar as atividades de Ch-P, Ch-E e Ch-T enquanto o método comercial só avalia a atividade da Ch-P. Foi constatado que 9,09% dos agentes da cidade de Pouso Alegre apresentaram atividade das Ch-E e Ch-T abaixo do valor de referência e Ch-P 100% sem alteração, enquanto os agentes da cidade de Carmo do Rio Claro 30,76% da atividade das Ch-E e Ch-T e 7.69% da Ch-P abaixo do valor de referência. A exposição aos inseticidas caracterizou-se pela prevalência do sexo feminino (68,18%) como agente da dengue, o tempo de exposição de 6 a 15 anos mostrou-se maior, e 3 agentes narraram já terem sofrido intoxicação aguda na cidade de Pouso Alegre e na cidade de Carmo do Rio Claro prevaleceu o sexo masculino (84,61%), o tempo de exposição de 0 a 5 anos mostrou-se maior, e 1 agente narrou já ter sofrido intoxicação aguda. As principais vias de exposição foram a dérmica e a pulmonar. Com estes resultados pode se observar que as duas metodologias apresentaram resultados compatíveis, porém o método de Ellman & cols modificado mostrou-se um avaliador mais completo onde o biomarcador de efeito (Ch-E) detectou em 4 agentes, de ambas as cidades, alterações compatíveis com intoxicação que não seriam detectados pelo método comercial utilizado com exigência na lei ocupacional brasileira. Conclusão: os agentes de combate à dengue necessitam de monitorização biológica para assegurar a saúde destes profissionais frente ao risco ocupacional pela exposição aos praguicidas anticolinesterásicos, principalmente com biomarcadores de dose interna e de efeito.

*Laboratório de Toxicologia, Faculdade de Farmácia, UNIFENAS;
** Membros da Liga de Toxicologia


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