AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AOS PRAGUICIDAS ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS NOS TRABALHADORES RURAIS DO SUL DE MINAS GERAIS - LIGA DE TOXICOLOGIA
Rogério Ramos do Prado*; Alice Soares**; Leonel Satiro**; Alessandra Cristina Pupin Silvério***; Marco Antônio Mello****; Alissa Borges****; Felipe Braga****; Maryane Toledo****; Fernando Gomes********; Priscila Santos****.

O uso de praguicidas no Brasil cresceu nos últimos anos e, consequentemente, cresceram também os quadros de intoxicação provenientes da exposição a essas substâncias, principalmente nos trabalhadores rurais. A determinação da atividade das colinesterases é considerada um importante bioindicador para os praguicidas organofosforados e carbamatos e, juntamente, com a triagem clínica constituem ferramentas essenciais para a avaliação da exposição ocupacional. O objetivo foi avaliar a exposição e o estado de saúde de trabalhadores rurais, expostos a anticolinesterásicos, no sul de Minas Gerais, através da determinação da atividade das colinesterases e triagem clínica. Materiais e método: amostras de sangue foram coletadas para a determinação da atividade das colinesterases plasmáticas (Ch-P), eritrocitária (Ch-E) e total (Ch-T), pelo método de Ellman & cols. modificado, de 140 trabalhadores rurais, em exposição ininterrupta na cultura de café, no sul de Minas Gerais. A avaliação clínica foi feita por meio de aplicação de um questionário. Os trabalhadores com alteração de atividade das colinesterases foram avaliados por clínico. Resultados e discussão: Os organofosforados de maior utilização foram o dissulfotom (13,5%) e o clorpirifós (1,4%) ambos de uso permitido no estado de Minas Gerais. Dos 140 trabalhadores avaliados, 2,8% apresentaram diminuição da atividade da Ch-P e 29,28% apresentaram diminuição da atividade das Ch-E e Ch-T. Dentre os trabalhadores com alteração de Ch-E e Ch-T a triagem clínica mostrou que eles apresentam cefaléia (60,9%), diminuição de força muscular (26,8%), tremores (34,1%), fasciculações (21,9%), visão turva (43,9%), irritabilidade/agitação (34,1%), vertigens (29,2%), formigamento de membros (36,6%), confirmando efeitos do toxicante sobre o sistema nervoso. Outras queixas relatadas foram queimação estomacal (48,8%), dispnéia (24,4%), aumento da secreção brônquica (17%), irritação nasal (41,4%), zumbidos no ouvido (21,9%), irritação ocular (51,2%), doença cutânea irritativa (26,8%) e urina com hematúria (21,9%). Conclusão: os resultados obtidos permitem concluir que a determinação da atividade da Ch-E e a triagem clínica mostram a ação dos anticolinesterásicos sobre o sistema nervoso. A avaliação da exposição de trabalhadores rurais aos praguicidas deve ser feita por meio de bioindicadores que associados à triagem clínica, permitam detectar alterações precoces, reversíveis, para que haja um efetivo programa de prevenção de intoxicações, advindas da exposição ocupacional.

*Diretor de Extensão e Assuntos Comunitários da UNIFENAS – MG.
**Coordenação Regional da EMATER – MG
***Laboratório de Toxicologia, Faculdade de Farmácia, UNIFENAS;
**** Membros da Liga de Toxicologia

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