PLANTANDO E COLHENDO SAÚDE
Rogério Ramos do Prado*; Alice Soares**; Leonel Satiro**; Alessandra Cristina Pupin Silvério***; Miriam Monteiro de Castro Graciano***.

O uso de praguicidas no Brasil cresceu 190% na última década, comparado com o crescimento mundial de 93%, sendo o quinto país na produção destes produtos. Na safra de 2011 o Brasil consumiu 936 mil toneladas destes produtos. Os bioindicadores de dose interna, de efeito e de susceptibilidade são ferramentas essenciais para a avaliação da exposição desses trabalhadores, mas é de suma importância a implantação de uma rede de Atenção Primária à Saúde do trabalhador rural, o que muito contribuirá para a gestão da saúde, no caso do presente estudo, na regional de Saúde de Alfenas, melhorando a eficiência de aplicação e gestão de recursos e, particularmente, promovendo a equidade no acesso aos serviços de saúde e aprimoramento das Redes de Atenção, ao enfocar o papel da atenção primária como coordenadora do cuidado, elemento central de um sistema de saúde poliárquico. Assim, a EMATER-MG, a Universidade José do Rosário Vellano - UNIFENAS e as secretarias municipais de saúde estabeleceram parceria com a finalidade de despertar nos trabalhadores, população e autoridades o real problema do uso de praguicidas. Objetivos: a) Descrever o perfil epidemiológico e demográfico de trabalhadores rurais em idade produtiva da Regional de Saúde de Alfenas, Minas Gerais; b) Quantificar principais sinais e sintomas relacionados à intoxicação por praguicida na população em estudo; c) Estimar taxa de intoxicação por praguicidas na população em estudo, por meio da dosagem de colinesterase plasmática, eritrocitária e total de amostra probabilística da mesma; d) Assegurar encaminhamento e tratamento médico para trabalhadores rurais com níveis de colinesterase plasmática, eritrocitária e total indicativa de intoxicação por praguicidas; e) Correlacionar sinais e sintomas referentes à intoxicação por praguicida à prova laboratorial da mesma, por meio do cálculo do OR (Odds Ratio); f) Avaliar conhecimento, comportamento e atitudes de trabalhadores rurais, quanto à importância e uso de EPI; g) Implementar, juntamente, com os agricultores e trabalhadores rurais, tecnologias de produção que minimizem o uso de agrotóxicos; h) Sensibilizar agricultores e profissionais da área de ciências agrárias para a adoção de técnicas agroecológicas no processo de produção agropecuária que promovam a segurança alimentar e a sustentabilidade dos sistemas produtivos; i) Promover a segurança alimentar e também assegurar a sustentabilidade dos agroecossistemas a médio e longo prazo; j) Implementar estratégias de educação/informação que mobilizem a sociedade na discussão da questão da utilização dos agrotóxicos; k) Formar e capacitar profissionais de saúde para a intervenção nos problemas de saúde e meio ambiente relacionados ao uso de agrotóxicos. Em 2014, a FAPEMIG aprovou recursos para a realização deste trabalho em 26 municípios da Regional de Saúde de Alfenas e Guaxupé. O Programa teve início em três comunidades rurais de três municípios distintos, inseridos nestas Regionais de Saúde. A seleção das mesmas foi feita por técnicos da EMATER, tendo como critérios a cultura predominante na localidade, o consumo de agrotóxicos, prevalência de agricultores familiares, período de exposição de agrotóxicos pelos trabalhadores. Foram avaliados uso de praguicidas, a atividade das colinesterases, os sinais e sintomas clínicos, entre outros. Em 2015 o Programa foi realizado nos 26 municípios previstos.

*Diretor de Extensão e Assuntos Comunitários da UNIFENAS, campus de Alfenas - MG.
**Coordenação Regional da EMATER – MG.
***Professoras da UNIFENAS, campus de Alfenas - MG.

 

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