Luís Henrique Rapucci Moraes*; Hélio Teixeira Dias Netto**; Laura Inez Santos**; Lisandra Ayusso**; Marília Mendes de Oliveira**; Olívia Silva Salotti**.
O estudo na Anatomia Humana pela utilização do próprio corpo humano se faz um desafio há séculos. Valores místicos, religiosos e morais perfazem um caminho tortuoso pelo qual áreas da ciência ligadas à saúde passam até os dias de hoje, porém o aspecto realístico do cadáver permite ao estudante experiências inegavelmente mais sólidas e estruturadas na formação da base de seu conhecimento, a começar pelo contato entre o futuro profissional e seu primeiro objeto de estudo humano. Segundo Sehirli, Saka E e Sarikaya (2004), citado por De Melo e Pinheiro (2009), cadáveres de criminosos eram utilizados em estudos anatômicos na Europa. Mais tarde houve sua substituição por cadáveres não reclamados e, nos últimos 50 anos, a maior fonte advém de doações. Na Alemanha, anatomistas usaram corpos de vítimas executadas no regime nacional socialista (HIDEBRANDT, 2012). Gerou-se uma profunda dicotomia, pois alguns profissionais eram a favor e outros contra. A questão central é que para o estudo da anatomia humana sempre se fez necessária a utilização de cadáveres, sejam quais fossem as mais diversas formas de consegui-los. Hoje já existem protocolos assegurando sua forma de aquisição e utilização, porém a sua escassez é o que realmente preocupa. A Liga de Ciências Morfológicas da UNIFENAS participa ativamente na formação acadêmica de seus membros e, através deste estudo, reitera sua preocupação com a qualidade do aprendizado desfrutado pelos acadêmicos de Ciências da Saúde, além de cumprir um de seus grandes papéis sociais, cuja importância se faz um pilar de formação da Liga, sendo essa a conscientização da população leiga sobre doação de cadáveres e peças e o quão transformador o contato do acadêmico com estes durante seu ensino profissional pode ser. Cadáveres mais abundantes trazem aos alunos a chance de maior aprofundamento, estudo de estruturas por mais vezes, menor número de alunos por peça, comparação de múltiplas estruturas correspondentes e renovação do arsenal quando necessário. Aos leigos, o reconhecimento de sua contribuição à ciência, o respeito à humanidade e a honra pelo ato de humanismo e altruísmo.
*Professor do curso de Medicina da UNIFENAS, campus de Alfenas - MG.
**Acadêmicos do curso de Medicina da UNIFENAS e membros da Liga de Ciências Morfológicas, campus de Alfenas - MG.