DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE DAS COLINESTERASES EM AGENTES DE COMBATE A DENGUE NO SUL DE MINAS GERAIS: COMPARAÇÃO ENTRE O MÉTODO DE REFERÊNCIA E O ENSAIO COMERCIAL DISPONÍVEL
Alessandra Cristina Pupin Silvério*; Marco Antônio Santos Melo**.

Em 2013, foram registrados mais de 210 mil casos de dengue no estado de Minas Gerais, com 94 casos fatais. Uma estratégia para diminuir o número de casos ainda é o combate ao mosquito transmissor através de inseticidas anticolinesterásicos. A determinação da atividade das colinesterases é considerada um importante bioindicador de exposição aos praguicidas anticolinesterásicos, todavia dependendo da fração sanguínea, em que a análise é realizada, há diferenças na interpretação dos resultados e no significado clínico dos achados. Comparar o método de referência (Ellman & cols. modificado), o qual permite determinar a atividade das colinesterases plasmática (Ch-P), eritrocitária (Ch-E) e total (Ch-T) e ensaio comercial disponível, para a Ch-P, em agentes de combate à dengue, na região sul de Minas Gerais. Foram analisadas amostras de 59 trabalhadores (aprovação no Comitê de Ética nº263/2010), expostos aos anticolinesterásicos, com idade entre 20 e 60 anos, que responderam um questionário que caracterizou a exposição. Para determinação da atividade das colinesterases foi utilizado o método de referência, o qual se fundamenta na hidrólise da acetiltiocolina pelas colinesterases e formação de um complexo colorido entre a tiocolina e o ditiobisnitrobenzoato proporcional à atividade das Ch-P, Ch-E e Ch-T. O método comercial apresenta como fundamento a hidrólise do substrato butiriltiocolina liberando tiocolina e butirato, sendo a atividade catalítica da Ch-P diretamente proporcional ao decréscimo da absorvência medida quando o ferricianeto é reduzido a ferrocianeto, pela tiocolina. A exposição aos praguicidas caracterizou-se pela prevalência do gênero feminino (54,2%), tempo de exposição entre 6 e 15 anos e 5 agentes apresentaram queixas clínicas. A Ch-P mostrou-se alterada em 1,7% das amostras e não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois métodos (teste t, p<0,05). Todavia, a Ch-E estava alterada em 13,5% das amostras analisadas pelo método de Ellman, sugerindo assim que esse método é uma importante ferramenta para a avaliação da exposição ocupacional aos praguicidas organofosforados e carbamatos uma vez que, por medir a atividade da Ch-P, Ch-E e Ch-T, permite uma correlação entre os níveis do bioindicador e as queixas clínicas relatadas pelos trabalhadores. Contudo, há necessidade de uma interpretação criteriosa dos resultados obtidos, quando se utiliza o ensaio comercial, uma vez que a atividade da Ch-P correlaciona-se com a exposição, mas não com os efeitos. Tanto o método de Ellman quanto o ensaio comercial podem ser utilizados na determinação da atividade da colinesterase plasmática.

*Professora da UNIFENAS, campus Alfenas-MG.
**Acadêmico de Medicina da UNIFENAS, campus Alfenas-MG.