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27 de abril de 2016

Documentário retrata a luta do movimento negro de Alfenas para manter viva a sua cultura


Everton Marques
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O lançamento ocorreu na Sala de Evento Professor Edson Antônio Velano, na Biblioteca Central da UNIFENAS

Contar a história de um movimento que surgiu no início da década de 1990 em Alfenas pela valorização das expressões culturais da comunidade afrodescendente na cidade. Com esta proposta surgiu o documentário “NCNA – Núcleo de Consciência Negra de Alfenas”. A produção, uma parceria do Núcleo e a UNIFENAS, teve seu lançamento oficial no mês abril (11-04-2016) na Sala de Eventos Prof. Edson Antônio Velano, na Biblioteca Central da Universidade.

Ao resgatar boa parte do trabalho desenvolvido pelo NCNA há mais de 20 anos, o vídeo conta, como disse em depoimento a socióloga Daniela Roberta Antônio Rosa, a história de uma família negra que começou a lutar para manter viva a cultura de seus antepassados. Com o tempo o trabalho do Núcleo cresceu e, além de debater questões relacionadas à identidade afro e promover eventos ligados a ela, tornou-se um local que trabalha a responsabilidade social. Em sua sede há várias atividades ligadas à dança, artes marciais e, graças a parceiros, são distribuídos na casa dos fundadores do Núcleo pães e frutas a famílias que necessitam de tal ajuda assistencial.

O documentário começou a ser elaborado em novembro de 2015 e foi concluído em abril de 2016. São 40 minutos de produção, com 25 depoimentos que mergulham em fatos marcantes que levaram ao surgimento do Núcleo. A cultura popular, como a Congada, Folia de Reis, Moçambique, religiões de matriz africana, a Escola de Samba do Bairro Santos Reis e a capela dedicada aos três reis magos, construída em 1917 e considerada como a mais antiga do século 20 no Brasil, segundo pesquisa desenvolvida pelo Reisado do Estado do Rio de Janeiro, bem como o debate de que o racismo existe, são retratados na produção.

Em números, foram cerca de 10 horas de gravação e 44 horas de edição. A TV Alfenas deu importante contribuição ao Documentário graças ao seu arquivo; assim como o NCNA, que contribui com fotos. A produção envolveu três colaboradores da assessoria de comunicação da UNIFENAS (Galvone Praga de Oliveira, cinegrafista; Davidson Eustáquio da Silva, editor de imagens e arte; e Everton Luiz Marques, jornalista responsável).



O Lançamento



O lançamento do documentário “NCNA – Núcleo de Consciência Negra de Alfenas” ocorreu dentro do 1º Simpósio Diversidade Étnico Racial, que por sua vez integrou a programação do 15º Fórum de Extensão da UNIFENAS. Gestores da Universidade, acadêmicos de diversos cursos, diretoria do Núcleo, representantes da Secretaria Municipal da Ação Social e da Secretaria de Educação e Cultura, do poder legislativo de Alfenas, do Conselho Municipal de Assistência Social, alunos e professores do Senac, do Colégio Atenas, da Escola Estadual Dr. Emílio Silveira e pessoas da comunidade lotaram a Sala de eventos Prof. Edson Antonio Velano para acompanhar exibição do vídeo.

Em entrevista ao repórter Raul Pichitelli, da TV Alfenas, os envolvidos com o Documentário falaram da importância que a produção tem para a NCNA e demais envolvidos.

O professor Rogério Prado, diretor de extensão e assuntos comunitários da UNIFENAS, que intermediou a elaboração do documentário, falou que mais importante que a Universidade apoiar o NCNA é que “todos tenhamos a consciência da realidade em que vivem essas pessoas em nosso país, para que elas possam fazer parte de todo um contexto político, econômico e social”. Ele complementou afirmando que a Universidade contribui para elevar essa consciência para os alunos e a comunidade “para que todos contribuam com o processo de inclusão social”.

A professora Gerusa Vilela Terra, diretora de graduação da Universidade, complementou a fala do professor Rogério ao dizer que “é essencial quando pensamos que estamos formando cidadãos para o mundo. A conscientização é muito importante em todos os aspectos e, quando a gente pensa especificamente na consciência negra, é papel da Universidade que nós fomentemos esse tipo de reflexão em todos os nossos alunos”.



Agradecimento à UNIFENAS



Raquel da Cruz Lazaro, filha dos fundadores do NCNA, destacou que a produção, que registra mais de duas décadas de luta do Núcleo, torna inexplicável a sensação de prazer, de conquista, de poder mostrar o trabalho da família. “É um prazer enorme poder estar aqui lançando este documentário em parceria com a UNIFENAS. Sem ela este sonho não poderia estar ocorrendo”, afirmou Raquel.

O casal José Vitor Lazaro, mais conhecido como Decão, presidente e fundador do Núcleo, e Maria Olímpia da Cruz Lazaro, vice-presidente, também falaram de sua satisfação. Decão não acrediva que o NCNA de Alfenas pudesse um dia ter parte de sua história contada em vídeo e agradecer a todos que colaboram para sua manutenção. E disse: “É uma honra para a gente fazer esse trabalho e vai continuar se Deus quiser”

Maria Olímpia acredita que agora colhe os louros do que chamou de batalha para tentar manter viva a cultura negra de modo geral. “Está sendo muito gratificante esse presente tão maravilhoso que nós recebemos da Professora Maria do Rosário Araújo Velano [reitora da UNIFENAS]. Nós não temos palavras para agradecer”, disse ela em relação à produção.

Para o seu filho Fabio Cruz Lazaro, o dia foi especial e de orgulho por poder participar e tentar manter viva a cultura de seu povo, que vem antes mesmo do Núcleo, com envolvimento de seus tios e avós. “Se não fosse a UNIFENAS, não sairia esse documentário. São horas e horas de trabalho, de edição, de ouvir essas pessoas que têm muito o que falar. Nós pedimos e fomos atendidos de imediato junto à UNIFENAS. Agradecermos a Universidade e todos profissionais que fazem parte”.

Após a exibição do documentário, houve uma mesa-redonda para debater a questão da diversidade étnico racial. A mesa foi mediada pelo Prof. Rogério Prado e teve como debatedores Fábio Cruz Lázaro, graduado em Relações Públicas Internacionais e coordenador municipal da Igualdade Racial; Daniela Roberta Antônio Rosa, Socióloga e doutoranda em Ciências Sociais pela Unicamp; o Prof. Dr. Vicente Cretton Pereira, doutor em Antropologia e docente na Unifal, e o Prof. Paulo Roberto Terra Martins, especialista em História do Brasil pela PUC-MG e docente da UNIFENAS.