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4 de outubro de 2019

Egressa de Biomedicina faz estágio Doutoral na Suécia


Rosângela Fressato
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A ex-aluna Grazielle Ribeiro: “Agradeço a UNIFENAS pela oportunidade de fazer iniciação científica, desde muito cedo, sob a tutoria de grandes pesquisadores, pelo apoio financeiro, pela possibilidade de ter tido bolsa de iniciação científica e pelo excelente corpo docente do curso de Biomedicina”

Grazielle Esteves Ribeiro, egressa do curso de Biomedicina da UNIFENAS, câmpus de Alfenas, está fazendo estágio no Karoliska Institutet, na Suécia (centro de referência europeu em pesquisa cientifica na área da saúde), onde permanecerá por três meses realizando diferentes ensaios in vitro em um laboratório de nível 3 de bioseguridade.

A ex-aluna conta que, após concluir a graduação em Biomedicina e graças aos frutos da iniciação científica, foi aprovada em primeiro lugar no mestrado na Universidade Federal de Alfenas, UNIFAL. Em seguida, por motivos pessoais, ela se mudou para Santiago, no Chile, onde foi aprovada no Doutorado em Ciência e inovação em Medicina, na Universidad del Desarrollo (UDD). “Graças ao apoio financeiro da UDD, do governo chileno e às colaborações internacionais da minha atual orientadora, Dra. Cecilia Vial, tive a oportunidade de fazer um estágio na University of California San Diego, EUA, por um mês e meio, para aprender bioinformática”.

Grazielle também apresentou seu trabalho (Progressão da resposta imune molecular em pacientes infectados com Andes orthohantavirus (ANDV), do inglês Progression of the molecular immune response in patients infected with Andes orthohantavirus (ANDV)) em um dos maiores congressos de genética dos EUA, American Society of Human Generics (ASGH) annual meeting e recentemente fez uma apresentação oral dos resultados da sua tese (Caracterização longitudinal da resposta imune em pacientes infectados com Andes orthohantavirus (ANDV)), do inglês Longitudinal transcriptome characterization of the immune response in patients infected with Andes orthohantavirus (ANDV)), no International conference on hantaviruses, na Bélgica. “Eu me envolvi com a pesquisa, desde muito cedo, durante o curso de Biomedicina na UNIFENAS. Comecei no segundo semestre e fiquei envolvida com pesquisa até o final do curso. Tudo começou porque tive a oportunidade de estagiar e fazer iniciação científica no Laboratório de Biología e Fisiologia de Microorganismos, sobre a tutoria do Dr. João Evangelista Fiorini e da Dra. Nelma Oliveira. Também fiz pesquisa sob a tutoria da Dra. Mirna Aparecida Pereira. No começo, a UNIFENAS me garantiu uma bolsa de estágio no laboratório e também fui bolsista de iniciação científica. Durante este período, eu participei de vários projetos de pesquisa, congressos e seminários. Agradeço a UNIFENAS pela oportunidade de fazer iniciação científica desde muito cedo, sob a tutoria de grandes pesquisadores, pelo apoio financeiro, pela possibilidade de ter tido bolsa de iniciação científica e pelo excelente corpo docente do curso de Biomedicina”.



Infecção por hantavírus



Atualmente, Grazielle estuda como nosso corpo responde à infecção por hantavírus desde um ponto de vista genético. Segundo ela, os hantavírus são vírus transmitidos por ratos silvestres e causam uma doença severa chamada Síndrome cardiopulmonar por hantavírus. A transmissão ocorre através da inalação de vírus contido em fezes e urina de ratos infectados. Embora o número de casos não seja tão grande, o índice de mortalidade é muito alto, podendo, no Brasil, chegar a 40% e, no Chile, a 30%. Na Europa, o vírus da mesma família pode causar uma doença severa e também apresenta uma taxa de mortalidade entre 30-40%. “Isso significa que se você se infectar com o vírus, tem até 40% de possibilidade de falecer. No Chil e é considerado um grande problema de saúde pública porque não existem vacinas e nem tratamentos específicos”.

A egressa explica que, ao infectar-se com o vírus, algumas pessoas podem apresentar um quadro leve com sintomas parecidos com uma gripe ou um quadro muito severo e podem falecer dentro de horas, depois do início de sintomas específicos. “O que eu estou avaliando é se os fatores genéticos do hospedeiro podem definir o desenvolvimento de um quadro leve ou severo. Basicamente, estou analisando que genes se ativam em pacientes que desenvolvem um quadro severo e não em um quadro leve. Tenho trabalhado principalmente com sequenciação do material genético e ferramentas de análises bioinformáticas. Com esse tipo de estudos, podemos entender melhor como o nosso corpo responde ao vírus e encontrar marcadores de severidade e novos alvos terapêuticos”. Grazielle, recentemente, publicou em uma revista americana o artigo científico Deleções em genes participando da resposta imune inata modifica o curso clínico da infecção por Andes Orthohantavirus, do inglês Deletions in Genes Participating in Innate Immune Response Modify the Clinical Course of Andes Orthohantavirus Infection, no qual encontrou fatores genéticos do hospedeiro associados à maior probabilidade de desenvolver um quadro severo ao se infectar com hantavírus.

A pesquisadora ressalta que, como resultado da sua tese, já tem um novo possível alvo terapêutico que poderia ser usado como tratamento. “Agora, necessitamos fazer mais ensaios e estamos trabalhando nisso. Este é o motivo que me trouxe à Suécia”.



Apoio da UNIFENAS



“Seguramente, se eu não tivesse tido o apoio e incentivo da UNIFENAS no início da minha carreira, nada disso teria acontecido. Estou no último ano do meu doutorado e tenho certeza de que muita coisa boa virá pela frente”, relata a ex-aluna.