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31 de janeiro de 2020

Fórum expõe desafios da gestão educacional frente ao status quo


Everton Marques
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Gestores dos seis câmpus da UNIFENAS com a reitoria da Universidade e o palestrante Gil Giardelli

A forma de liderar no passado não se aplica no presente, assim como a forma de se relacionar com o aluno. O novo século exige posturas emocionalmente mais equilibradas, o mercado profissional cobra a permanente atualização e aplicação do conhecimento, com a certeza de que é preciso mudar para inovar com propósito. Essas foram apenas algumas das muitas inquietações provocadas pelo 5º Fórum de Gestores 2020 da UNIFENAS, que abordou “A Educação sob Novas Perspectivas”. Realizado no câmpus de Alfenas, de 23 a 25 de janeiro, o Fórum expôs o fato de que o comportamento e as atitudes que nos trouxeram até aqui não nos levarão mais adiante.

Profissionais de referência em suas áreas foram convidados a compartilhar experiências e vivências com os gestores da Universidade. Os conteúdos relacionados à gestão educacional foram transmitidos pelos palestrantes Gil Giardelli, estudioso de inovação e economia digital; Ricardo Luiz Salvador, atuante na consultoria e assessoria jurídica educacional; Pedro Calabrez, PhD em psiquiatria com atuação na área de inteligência comportamental; e Romeo Deon Busarello, destacado palestrante nas áreas de inovação e ambientes digitais.

A Professora Maria do Rosário Araújo Velano, reitora da UNIFENAS; a Dra. Viviane Araújo Velano Cassis, vice-reitora; e a Dra. Larissa Araújo Velano, pró-reitora administrativo-financeira, também participaram do Fórum que reuniu gestores dos seis câmpus da Universidade. O professor Mário Sérgio Oliveira Swerts, pró-reitor acadêmico, esteve à frente da condução do evento, que difunde a política institucional e alinha os pensamentos e o espírito de liderança. Questionado sobre as inquietações provocadas pelas palestras, o professor afirmou que este momento estimula ainda mais a pensar o futuro de forma inovadora. “Nós temos que, de fato, tentar prever o que vem no futuro, principalmente no meio educacional. E no Fórum, pontualmente, nós sempre colocamos profissionais que vão gerar provocação, que vão gerar a saída de uma área de conforto. Profissionais que vão conseguir gerar uma capacidade nos nossos gestores para que eles possam pensar de forma inovadora. Para fazer o novo nós precisamos esquecer muitas coisas que já fizemos. Servir de aprendizado e apostar em questões novas, em novos caminhos, esse é o propósito do Fórum sempre.”



Palestras disruptivas



O conteúdo reflexivo das palestras rompeu com verdades preestabelecidas e apresentou uma necessária mudança no comportamento de quem lida com a gestão educacional.

Ao tratar da “Liderança criativa em tempos exponenciais”, Giardelli apresentou vídeos que demonstram o avanço da ciência e da tecnologia, principalmente da inteligência artificial, e que resultarão no fim do status quo. Expôs fatos que apontam para a necessidade de uma gestão de mudança e disse que velhos mapas não nos levarão a descobrir novas terras.

Ele acredita que o mundo está melhor, embora existam questões ambientais a serem resolvidas, assim como um futuro que já existe, só que está mal distribuído. “O Brasil precisa se jogar no século 21 e, mais do que isso, a gente não precisa aceitar todas as inovações, mas não dá para ficar sobre o muro. Ele está muito alto! A gente precisa entender as inovações, entender os impactos tecnológicos, os impactos sociais e tomar a decisão.”

“Se você é o mesmo profissional de 5 anos, você está superado!”. Esta frase foi uma das afirmações do palestrante Pedro Calabrez ao tratar da temática “Acomodação é morte: a arte de viver a transformação”. O palestrante fez um retrospecto da evolução do homem, graças ao nosso cérebro, deste o seu surgimento no continente africano até os dias atuais. Para ele, o homem que não aprende coisas novas, que não se desenvolve intelectualmente, que está acomodado, caminha para a morte do cérebro humano, este feito para mudar, para ser criativo. Na palestra, não se falou apenas de transformação, mas também da força do compromisso em tornar a mudança possível e da força da visão de saber claramente aonde se quer chegar.

Parte do conteúdo exposto foi inspirado em um ensinamento que Calabrez ouviu de sua mãe, que disse: “O mundo não te deve nada”. “Grandes conquistas são alcançadas enfrentando dores, enfrentando desavenças, enfrentando problemas e dificuldades. Eu acho que é um pouco isso que a minha mãe me ensinou, sempre que ela me disse: ‘o mundo não te deve nada’. Por que ela me ensinou isso? Muito do que a gente se frustra, muito do que a gente fica triste é por regularmos as nossas expectativas. Nós estamos com expectativas bastante distorcidas, esperando que tudo seja rápido, instantâneo e confortável. Uma pessoa que acha que o mundo lhe deve conforto, carinho, prazer, alegria, instantaneidade o tempo inteiro é uma pessoa emocionalmente imatura”, afirmou.

Como as demais temáticas abordadas no Fórum, Busarello também provocou inquietações entre os participantes com a pergunta: “Qual a sua motivação para inovar?”. Ele falou do fim de profissões e surgimentos de outras. Do amanhã que pertence às empresas que se preparam no presente. De que todo mundo quer um milagre, mas poucos fazem a peregrinação. Citou Satya Nadella, diretor executivo da Microsoft, ao dizer que estamos “saindo da Era do Sabe Tudo para a Era do Aprende Tudo”. Enfatizou que temos que ter uma alma digital, que a mudança favorece a mente preparada e que para mudar é necessário um propósito.

Durante a apresentação, o professor Busarello enfatizou que não são as empresas que ficam para trás, mas os seus executivos. “Quem não pensa o futuro, trabalha o presente usando ferramentas do passado! O sucesso pertence a pessoas inconformadas. Se a empresa não tiver pessoas inconformadas, elas terão um futuro bastante precário”.

No que corresponde ao “Direito educacional para gestores”, Ricardo Salvador procurou apresentar no 5º Fórum de Gestores da UNIFENAS uma visão global do direito implicado na educação superior. Já no início de sua palestra, usou uma charge de um jornal francês que mostra que, no ano de 1969, pais estavam ao lado do professor e que, em 2009, o processo se inverteu, ou seja, pais ao lado dos filhos. Em uma leitura rápida, a charge mostra como o professor perdeu a influência sobre o aluno diante de uma mudança de olhar em que a educação passou a ser vista com uma questão mercadológica.

O membro de assuntos jurídicos da ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior) acredita que o tema abordado por ele se faz relevante diante de várias alterações legislativas nos últimos meses. “Tanto a questão da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), quanto à questão do ensino híbrido, da possibilidade de se aumentar a não presencialidade nos cursos. Então, vejo com muitos bons olhos esse encontro de gestores da UNIFENAS. É importante que os gestores tenham acesso a esse tipo de informação. Porque dentro em breve tudo terá que ser operacionalizado por eles”, conclui Ricardo Salvador.