Notícias UNIFENAS

Notícias

19 de maio de 2020

Universitários de Direito e o atual momento de distanciamento social


Everton Marques
Ampliar foto
Professora Ivânia e os acadêmicos Isadora, Guilherme, Walquiria e Gustavo

A graduação superior presencial vivencia nos últimos meses uma nova forma de relacionamento entre professores e acadêmicos. O distanciamento social, imposto pela pandemia do COVID-19, fez com que as aulas remotas se tornassem uma maneira de manter a aprendizagem teórica no dia a dia do universitário, com uma rotina similar ao ensino presencial.

Esta singular experiência para os acadêmicos de Direito da UNIFENAS, câmpus de Alfenas, tem sido desafiadora e tem ampliado a visão do que realmente é importante para o ser humano. Em meio à comemoração ao 19 de maio, Dia do Acadêmico de Direito, estudantes relatam as mudanças ocorridas em suas vidas nesses dois últimos meses.

Guilherme Aníbal Figueiredo Furtado Bastos, Gustavo Soares da Cruz Corrêa, Isadora Ingrid Alves e Walquíria Cabral Cândido Santos são alunos do período noturno e, assim como toda a comunidade universitária, vivem momentos de mudança. Eles estão se redescobrindo enquanto indivíduos que fazem parte de uma sociedade, inesperadamente, mergulhada em uma pandemia que os força a se distanciar de colegas, de amigos e do ambiente acadêmico.

No início viveram momentos de ansiedade, como este relatado por Walquíria: “Quase tudo, como num passe de mágica, as coisas rotineiras foram tiradas de mim de repente. Vi minha vida parando bruscamente diante dos meus olhos. Confesso que eu quase surtei por conta do isolamento e das informações que vinham chegando de todos os cantos do mundo, pela mídia em geral. Dando a impressão de que estamos vivendo o caos dos últimos tempos, que a vida humana irá se extinguir a qualquer instante. O abraço ou aquele simples aperto de mão começou a ser algo amedrontador, a gente se vê sem chão e totalmente perdida”.

Esta fase foi tão marcante que Isadora Ingrid registrou: “Dezoito de março de 2020: o dia em que minha rotina se transformou completamente!”. Transformação que, após a ansiedade inicial, deu lugar a adaptação a uma nova realidade. No campo acadêmico, assim como seus colegas de Universidade, passou a ter aulas remotas nos mesmos horários de suas rotinas presenciais. Todos em casa e conectados pela internet.

Virtualmente professores passaram a transmitir e orientar a aprendizagem dos estudantes. “É trabalhosa, mas é uma experiência positiva, de desafios, pois estamos nos comunicando pelo Ambiente Virtual”, disse Guilherme.

O estudante se mostra aberto a enfrentar a adaptação aos novos meios e formas de avaliação. Ele destaca que o apoio dos professores tem sido fundamental. “Durante as aulas estão criando, espontaneamente, pequenos espaços de descontração e de partilha conosco sobre esta realidade. Inclusive do ponto de vista jurídico, pois surgem agora novas perspectivas, leis e desafios no mundo do Direito”.

Acadêmicos como Gustavo Soares reconhecem o compromisso da Universidade em investir em tecnologia e a dedicação do corpo docente para que as aulas remotas ocorram com qualidade. Porém, ele sente falta das aulas presenciais. “Porque nada substitui a interação e o calor humano que envolve uma sala de aula. Como estudante de Direito sinto muito a falta do ambiente físico da biblioteca, pois embora tenhamos ferramentas on-line, ao meu ver nada substitui ter em mãos um livro físico.”

Ainda sobre as aulas remotas, a aluna Isadora Ingrid observa o compromisso social da UNIFENAS em garantir, não só a continuidade ao ensino, como a manutenção de sua estrutura, com seis câmpus, e manutenção do vínculo profissional de seus professores. “Isso é pensar no próximo, isso é fazer justiça. Hoje entendo que era a única opção da Universidade, pois as aulas remotas possibilitam que não haja a interrupção nos estudos.”



Vivencia que modifica o pensar



Nos depoimentos, em relação ao atual momento vivido por eles, os universitários revelaram um redescobrir de aspectos que consideram essências ao ser humano. Eles falaram de empatia, valorização do convívio familiar, do pensar no outro, de planejamento, de esperança.

Gustavo Soares citou Santo Agostinho ao dizer: “Deus não permitiria o mal se não soubesse tirar dele um bem maior”. Em seguida o aluno afirmou: “desejo que durante essa pandemia e após ela as pessoas consigam extrair de si um bem maior. Inclusive, eu tendo como fulcro a humildade e a caridade, enraizando em nossos corações o conceito de humanidade”.

A estudante Walquíria diz esperar que ao final desse momento ele nos traga o real valor da vida, por mais que para algumas pessoas seja doloroso. “Que as pessoas tenham desenvolvido mais empatia, que as relações familiares sejam mais valorizadas, que saibamos dar valor ao próximo ao invés dos bens materiais, que possamos ter a oportunidade de reerguer e seguir adiante.”

Seu colega de curso, Guilherme Aníbal acredita nas palavras da canção que afirma que "vivemos esperando, dias melhores (...), o dia em que seremos melhores". “Então, que todo esse isolamento humano nos faça olhar para dentro de nós, para nos reentendermos e reaprendermos enquanto seres humanos. Para enxergarmos o outro por aquilo que ele também é: um ser humano que vive comigo em uma mesma casa chamada país e planeta, com direitos e deveres, criado para viver em sociedade e não em um isolamento existencial. Assim, com certeza, aos poucos ‘seremos melhores no amor, melhores na dor, melhores em tudo’”, afirmou o universitário lembrando a composição de Rogério Flausino.

Como forma de parabenizar toda a comunidade acadêmica do curso, pelo 19 de maio, Dia do Acadêmico de Direito, a professora Ivânia Goretti Oliveira Pereira, coordenadora do curso, deixa a seguinte mensagem: “Essa data homenageia o empenho dos que devotam suas vidas em defesa da justiça. Por isso, quero parabenizá-los por terem escolhido esta carreira, que é muito mais do que uma profissão, é uma vocação. Lembrem-se de que vocês serão o futuro do ordenamento jurídico. Então, estudem com dedicação, bebam na fonte do conhecimento, mas, sobretudo, pautem-se pela Ética, pois sem Ética não há Justiça”. A coordenadora destaca uma frase que é atribuída a Albert Einstein para concluir seu pensamento: “É fundamental que o estudante adquira uma compreensão e uma percepção nítida dos valores. Tem de aprender a ter um sentido bem definido do belo e do moralmente bom”.



Reflexões



“Fico na esperança de voltarmos mais fortes e mais preparados para construirmos dia após dia uma sociedade melhor, mais consciente de sua capacidade de mudança quando unida, mais ética e justa, pois, como diria o ilustre jurista Ruy Barbosa: ‘Não há nada mais relevante para a vida social que a formação do sentimento da Justiça’.” (Guilherme Aníbal Figueiredo Furtado, acadêmico de Direito)



“Espero que vejamos a nossa vida votar a normalidade o mais breve possível e que logo possamos achar uma cura, vacina ou tratamento satisfatórios no combate ao COVID-19. Afinal, é doloroso ver inúmeras pessoas sofrerem e morrerem por causa da doença.” (Gustavo Soares da Cruz Corrêa, acadêmico de Direito)



“O que antes eu não dava tanto valor, hoje é meu bem mais precioso: pensar em minha família, fazer o curso que eu amo, ter meu tempo para poder pensar no que eu quero para meu futuro. E chegar a uma conclusão de ter que contribuir para com a sociedade de alguma forma, levando o Direito e mostrando que a Constituição Federal é nossa carta magna, que merece todo respaldo possível e deve ser cumprida! Nesse ínterim, agradeço à UNIFENAS por ajudar-me demasiadamente nesse processo de conhecimento e ao mesmo tempo estar no conforto do meu lar, ao lado da minha família.” (Isadora Ingrid Alves, acadêmica de Direito)



“Que toda essa fase sirva para lidarmos com o que vem pela frente de forma a aprender com nossos erros e falhas perante a tudo o que está acontecendo, buscando reparar os danos que estão ao nosso alcance. Que todos os profissionais da saúde sejam mais reconhecidos diante da sua profissão exercida.” (Walquíria Cabral Cândido Santos, acadêmica de Direito)